(1984, versπo de 1956)

A antiutopia


Uma antiutopia futurφstica Θ simplesmente uma utopia na qual um homem de hoje nπo teria lugar. Para quem concorde com as doutrinas do Grande Irmπo, viver na OceΓnia de Orwell (em "1984", publicado em 1949) Θ viver em Ωxtase. O mesmo vale para os habitantes da nova Inglaterra divisada por Aldous Huxley em "Brave New World" (de 1932). Claro que essas imagens sπo feitas justamente para que nπo se concorde com elas. Representam o futuro tecnol≤gico levado ao extremo: a ditadura totalmente eficiente, a capacidade de vigiar cada cidadπo o tempo todo, a submissπo total ao Estado, a perda completa da privacidade etc. 1984 foi filmado duas vezes. Na primeira, em 1956, o final foi mudado para se conformar α Guerra Fria: em lugar de se render ao Estado, Winston Smith morre bradando contra o Grande Irmπo, em nome da liberdade. Apesar disso, o visual pretendido por Orwell foi mantido.

O holocausto

No limite, os brinquedos construφdos pelo homem podem levß-lo atΘ o abismo. A conseqⁿΩncia Θ a guerra e a destruiτπo da civilizaτπo. Depois, pode tanto vir a renovaτπo quanto a barbßrie. Imagens de renovaτπo ficam cada vez mais raras. Em "Things to Come", de 1936, dirigido por William Cameron Menzies e com roteiro de H.G. Wells, o mundo Θ destruφdo e se reergue em cerca de 100 anos. Entre a destruiτπo e o renascimento, o que predomina sπo cenas tφpicas de Mad Max, s≤ que 50 anos mais velhas. O que predomina hoje Θ a imagem da barbßrie eterna. Nos anos 80, surgiu o estilo "durante a destruiτπo" com "The day after", "The testament" e "Threads".

O mundo cada vez pior

As cidades

A arquitetura do futuro jß foi definida pelo crφtico Baird Searles como "neomaia". ╔ a grandiosidade que oprime. Na foto, a Nova York de 1980 na perspectiva de 1930, em "Just imagine". Em "Metropolis", parte dessa cidade neomaia fica na superfφcie; jß os pobres moram no chπo ou abaixo dele, no mesmo esquema pensado por Wells. Em "Things to Come", a cidade Θ totalmente recoberta. Um dirigente se lembra do sΘculo anterior (o XX) como o final da "Era das Janelas". Afinal, com a tecnologia, para que iluminaτπo natural?

A reconstruτπo depois da guerra, em Things to come (1936). MPEG (420k).


O transporte

A marca registrada do cenßrio do futuro Θ o transporte aΘreo individual. Nesse ponto, os diretores de cinema mantiveram os sonhos do sΘculo XIX. Buck Rogers (filme de 1939) Θ salvo dos restos de seu dirigφvel, em 2440, e transportado de foguete para a seguranτa de Hidden City. Mais de 50 anos depois, tudo continua igual, como em "Back to the Future 2". Para evitar problemas de trΓnsito, avisos sπo colocados nas ruas das cidades indicando "proibido voar neste ponto".

Buck Rogers e seus foguetes (1939). MPEG (63k).


A guerra

Lutar num "exΘrcito industrial" pode ser tπo mortal quanto lutar numa guerra. Em "Metr≤polis", a fßbrica Θ vista como um φdolo que se alimenta dos trabalhadores. O protagonista, em delφrio, olha para a mßquina central e grita "Moloch!". Independentemente de como se veja o futuro, o fato Θ que nπo existe lugar para a manufatura individual. Mesmo no menos sombrio "Things to Come", tudo Θ feito em proporτ⌡es gigantescas, com os homens como meros vigias das mßquinas. ╔ a idΘia do "vasto aut⌠mato" de Ure que domina a visπo do trabalho no futuro.

A guerra no futuro, em Things to come (1936). MPEG (301k).


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⌐ NEO Magazine 1995